sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Teatro

 A cada dia que passa... 


Atuamos conforme a peça em cartaz. 


Tentando estar sempre alinhados com o que a cena compõe. 


Falando, aginda, sentindo... 


Como se fôssemos nosso próprio personagem. 


Entregamos suor, sangue e coração... 


Para estar de acordo com o que o papel nos pede. 


Até o ponto que ficamos pálidos, apáticos, impassíveis... 


De acreditar que podemos representar o mesmo feito de outro dia. 


Até que... 


Numa breve passagem...


Descobrimos que o espetáculo se encerrou. 


E tudo cai. 


Desmorona... e se vai. 


Já não há mais máscaras. 


Já não há mais direção. 


O que sobra é a face do palhaço - que se entreolha no espelho.  


E percebe... 


Que não tem mais o que seguir. 


Que a (atu)ação acabou. 


E não se tem para onde ir - nem mesmo o velho camarote! 


Todo o trabalho e sentimento que foi disposto nesse ato...


Não foi nada além de uma breve e efêmera ocasião.


Que só sobrou ele ali... 

(como sempre foi) 

E sem a maquiagem que um dia usava.


A qual carregava o personagem transvestido em seu próprio ser.


E que, agora... 


Que tudo seguiu o seu caminho...


Já não há mais papel nem para si mesmo.



... e o conto acabou. 



Ciao. Aufwiedersehen. Adios. 



E assim a vida se repete, mais uma vez. 

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