sexta-feira, 14 de maio de 2021

Estações

Tudo na natureza possui seu tempo. 

Seu movimento.

Seu momento. 

Sua estação. 


Tudo segue um preceito. 

Um trejeito.

Um padrão. 


Nossa vida também. 

Ela desanda a seguir o rol natural - naquilo que obedece as leis da natureza. 

Nosso corpo, 

Nosso ânimo.

(nossa alma?)


Mas, aquilo que se trata das relações, 

Das percepções, 

Dos acontecimentos, 

E as explicações. 

Não obedecem tal lei. 

Não há um receituário. 

Não predição, 

Não há predileção. 


E nossa vida descamba; 

desata; 

descompassa; 

desconstrói.


A cada dia nos propomos uma nova mentira, 

Uma nova peripécia,

Uma nova ilusão. 

Para tentar (se) anima-r. 

Para simplesmente (ter com que) continuar. 


Mas sempre nos esbarramos com as nossas (falsas) expectativas daquilo que poderia ser - e, em realidade, jamais teria sido.

(em cada âmbito...!...com cada ser...!)  


Não importa o quanto tentemos, 

Concretizar um movimento não natural, jamais vai depender da (nossa) natureza. 


As Estações de nosso tempo são perfusas por um sistema que não circula de maneira lógica - sequer natural. 

Elas não são sequenciais, 

Não são explicitas, 

Não são unas. 

Elas se entremeiam, 

Se confundem,

Se excluem, 

Se compõem. 


Ao mesmo tempo em que temos um final (daquilo que estávamos julgando começar), entremeamos com um (o) começo (de algo que já julgávamos configurado).

Não sabemos em que estação estamos. 

Não sabemos qual o movimento incitamos. 

Não podemos esclarecer um ponto, ou até mesmo posição, definitivos.


E não adianta estacionar - o agora clama o amanhã - não há como parar um tempo que escorre em nossos dedos - que se finda diante de nossos olhos - apesar de que como gostaríamos que isso fosse possível! (dogs!)

A fluidez é necessária; 

O Caminho (Tao) se caminha, caminhando.


Devemos, sim, entender cada Estação. 

O que cada uma delas representa. 

O que cada uma delas proporciona.

O que cada uma delas retira.  

O que cada uma delas requer. 

E estar sempre prontos para seguir, como seja, reconhecendo qual é a melhor ação (mesmo que nenhuma seja tomada) em cada ocasião. 


Lidar (e [con]viver) com a multiplicidade de facetas escancaradas em nossa vida, sem se subjugar a uma delas, é uma atitude possível que nos faz capaz de abraçarmos a complexidade e a completude de nossa própria existência. 



Somos vários, porém (...) Um. 


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