Quando percebemos o passado, a nossa frente, tão real quanto um dia o foi... podemos afirmar que já não estamos mais (no) presentes.
Esses são momentos os quais parecemos que estamos vagando, em qualquer uma das realidades cabíveis, mas que não essa - como um mero fantasma, à deriva.
Sentimos, introjetados, intrusos, não mais intrínsecos do próprio ser.
É como se uma parte não estivesse mais presente - como se o real se cindisse em (mais de) dois.
... talvez esse seja um claro nuance de que existe algo além da carne, da matéria sólida, da nossa solidez.
E isso, na verdade, não é um problema.
É um dos poucos momentos que conseguimos nos entregar a vida, se permitir ao destino.
Momento no qual conseguimos fechar os olhos e simplesmente sentir - como se estivéssemos meditando - um outro contexto, um outro apreço.
Nos encontramos preparados, entregues. Para o que vier. E também para o que der.
Um breve influxo, de respiração. Uma ainda mais breve, exoneração (liberação?) de consciência.
São nesses momentos de rebalanço que o equilíbrio se mostra além ... do entendimento, de um caminho, de um desejo.
É como um empuxo que você não vê, mas que está lá - te atraindo de alguma forma, que as vezes você nem mesmo, a si, se sente.
É um fluxo (in)comum que te afeta; e você se deixa afetar.
É o esvaziar; que também esvazia de você toda percepção de finalidade das inúmeras incursões mundanas - pessoas, propósitos, pátrias e permissões.
É o que te permite...
...um encontro com o nada - que faz muito mais sentido que tudo.
E isso molda você.
Te faz diferente.
Te torna alheio.
Te arrefece.
Te volta.
Toma.
Cabe, agora, preencher o vazio.
Se reconfigurar.
Re adaptar.
Não existe um movimento o qual não se repita - assim como não existe futuro sem passado.
Torna-te terráqueo, para aqui viver.
Viva em outro plano, para não recusar a realidade que teu corpo o permite.
Ele é seu invólucro, seu recipiente, e é tudo que você tem que permita essa experiência.
E apesar, de todos os pesares, é a única, que podemos viver, agora.
E é o que importa.
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