quarta-feira, 17 de abril de 2013

Immer Während

 "Todas as mudanças,  mesmo que as mais desejadas, têm a sua melancolia,  porque aquilo que deixamos para trás é uma parte de nós. É preciso morrer para uma vida quando se entra numa outra."  (O crime de Sylvestre Bonnard,  Anatole France) 


Vida, antiga; vida, longa; vida, breve; vida, nova; vida; vida, vida ...


É e Há, desde sempre, um momento que eu posso dizer que não estou completamente perdido por aí, seja como for, seja por que viés for...
Na verdade, o que eu quero dizer é que simplesmente, em um passo, depois de vários passos, eu não estou precisando me preocupar com o que fazer hoje, ou com um futuro breve, pois, de certa forma, pela primeira vez, vivo um momento no qual não há do reclamar - o que se vive!

E o que se expõe nessas horas, nas quais se não há plenitude, também não podemos considerar que exista alguma falta?

Creio que é uma resposta fácil, simples, bastante adivinhavel por parte de qualquer um.

- É, pois, simplesmente a saudade da vida que tivemos em outros momentos, não tão completos como o 'hoje'. A saudade do que vivemos, mesmo que tenha sido da forma mais complicada e complexa, ou simplesmente vã, perdida...
O que posso concluir, é que, na verdade, isso quer dizer que o que vivi, vivi bem! E isso me deixa alegre, feliz, por saber que em matéria de viver, eu não deixei nada para trás...
Mas por outro lado...
É uma simples vontade de voltar àqueles dias, viver alguns momentos, sentir alguns gostos e sabores por aí... que passaram, e que obviamente, não voltam mais - posso tentar tocá-los, sentí-los, degustá-los, mas a verdade, a realidade é que eles se foram! Jamais serão os mesmos... é simples, é entendível. Porém não posso dizer que seja o mais... gostoso a sentir... talvez essa seja minha fraqueza: querer poder voltar a 'vidas passadas' (pois o que não se dá, hoje, não é senão, outra vida) - mas tenho consciência plena de que isso não é possível, e mesmo que eu faça ou tente fazer algo que se remeta ao que passou, já entro prevenido, mas isso não muda o fato d'eu me sentir um pouco nostálgico em meio a tudo isso...

- São memórias boas... são gostos doces... e tudo que tenho são lembranças, artigos, fotos... e o doce sentir em sua própria alma o "aconteceu" de tudo isso, que, no final das contas relembra e assina que essas experiências foram reais - e como foram! - para que não duvidemos de que tudo foi um sonho... de que nossa vida não é simplesmente um devaneio que se segue todo o tempo, ininterruptamente, sem nenhum destino, sem nenhuma rédea... (e, bem, confesso, em alguns momentos é assim que me parece tudo isso, e é sempre bom relembrar a 'realidade' -perfeita oportunidade para tomar nota!)



Esse é apenas um relato dessaboroso dos sabores que sinto (ou que gostaria de sentir). Não me vale, nem me convém, aqui, ficar citando acontecimentos e lembranças, somente me levo a crer que a cada vez que vier (seja eu, seja quem for!) a ler essas linhas estarei com as mais diferenças lembranças, com um turbilhão de pensamentos (e por quê não sentimentos?) em relação a tudo isso... a isso tudo...

Sei então que se trata de Algo Perene, assim como serão todos esses 'mundos' e todas essas 'vidas' no lugar que as pode guardar como névoas - misteriosas, densas, entretanto encantadoras e exploráveis.

É disso que a mente é capaz. E é exatemente isso que sou capaz de fazer.