terça-feira, 5 de julho de 2016

O fim não é nada, além de um começo...
Um recomeço é só o fim daquilo que havia de ser; revisto, revisitado.

Sem recalques, sem dores, sem dissabores... sem remorsos.

A paz se faz. Se contém, se retêm... se desvaira. Volta. Revolta.

Sem revoltas... pois se é; foi.

"Sempre em frente foi o conselho... sem me avisar, que iria ficar pra trás..."

Todo um tempo atrás... síncopeia... se sintetiza... sibila. Lá atrás. Bem atrás.
Tudo. Para trás.

Jetzt...
Sem caminho, sem rumo, sem ligações...

Simples simbolismo da sanidade d(o)e ser...
Nada. Ninguém.

E estar sinceramente são por saber se representar em tal suntuosidade...

Not sad, not sour, not scared...
Just scattered.

C'est moi.
Por aí.
Em, lugar algum...

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Vidi

Sua felicidade não me faz sentido.
Sua tristeza não me traz alegria. 
Seus sentidos não me afetam. 
Seus sentimentos não me desconcertam. 

Não escrevo isso pra ninguém, em especial, senão para o mundo humano. 

Me sinto a parte, paralelo; 
obstinado, obscuro; 
enternecido pelo nada, quase alheio a tudo.
Não perdido, pois não há o (o que, ou como) encontrar... 
Presente no agora, porém volúvel ao todo. 
Simpático ao passado, ausente (n)o futuro.  
Certo da incerteza, estranho a formalidade óbvia da jornada do cotidiano. 
Incoerente a única necessidade básica da sociedade, que é estar a par da parcialidade humana diária... 
Porém tão próximo a uma questão que se define como uma particularidade essencial do mundo para mim; 

Olho pela janela e não me sinto à parte das cores, dos cheiros, dos sons que natureza produz; 
Me sinto bem por estar aqui, contemplando esse momento breve que transmite uma sensação de sincera serenidade.
Mas não me aloco dentro das premissas sociais de fazer parte da bolha que foi constituída para dar algum sentido a esse nada, que é a vida nesse meio...
Na qual o futuro é sempre o responsável por construir o presente, em qual o passado timidamente se faz ausente e o agora que acaba por não se configurar como existente - pois ele foi esquecido em meio a tantas preocupações e relações desnecessárias tecidas em suas entranhas, nas quais a (in)tendência da (sua) realidade é cada vez mais esquecida; onde se produz um faz-de-conta fantasmagórico sustentado apenas pela vontade de não perceber o próprio entorno, o si mesmo e a condição essencial que permeia essa centelha que é a (nossa) existência - o fim iminente. 

Me questiono; o que fazer; como ver;  que sentir; como proceder? 
Não quero ser somente um monge "decrépito, seco como pergaminhos e nodoso como uma raiz, encrustado no chão sob os sicômoros, numa imobilidade de ídolos, contemplando incessantemente o umbigo à espera do Nirvana...". 

Não sou e nem estou a parte desse mundo; 
Me faço presente no aqui e no agora, quero me desfrutar, desfrutar o que ele tem a nos oferecer, quero presenciar e compartilhar momentos de vida sinceros e reais... 

Não sou e nem tenho o egoísmo de considerar somente o 'eu' desapegado do todo e tampouco de usufruir somente os sentidos físicos, fingindo que tudo o que há é virtualmente "meu"... 
Mas quero viver. Não escolhi ficar parado, esperando que algo possa acontecer e me oferecer asas para me depor frente a frente com uma provável 'realidade' - que é, oniricamente, melhor...

Mas ao mesmo tempo não desejo estar perdido no limbo do nada. 
Preciso me sentir algo, me sentir útil, de alguma forma, sem que a preocupação de estar parado e incapaz se apresente tão voraz e frequente quanto vem acontecendo... 

E esse é um bom dilema. Mas, são tempos difíceis.
As certezas foram desfeitas, os desejos... não estão presentes. As mudanças acontecem e as bases se tornam tão móveis o quanto podem ser para que eu ainda consiga me identificar de fronte a minha própria consciência. Talvez esse seja o mínimo...

Não me vivo mal. 
Não posso reclamar. 

Esse tem sido um momento necessário, complexo, posso dizer, mas que me apresenta feições e nuances distintos da própria existência - não só minha, mas a humana, como um todo. 

Vejo pontos que já me foram importantes sendo devidamente sobrescritos, pois, sinteticamente, não me interessam mais... sinto os dias passar e eu...neles, a navegar, quase alheio à volúpia e ao turbilhão dos acontecimentos... 
O tempo não se faz mais (como) vontade, tal qual antigamente, mas de maneira imperceptível e incólume, continua pronunciando a verdade... descendendo e precedendo o tudo e a todos.  

Verdadeiramente... me encontro entre um fugaz desespero e uma serenidade plácida de alguém que já se acostumou com a presença sútil nesse mundo - e que nada realmente que se faça, se pense, se escreva ou até mesmo que aconteça virá a mudar a condição dada pela própria existência, assim como ela é... 

Coloco um ponto final, nesse momento, sem fechamentos... contudo com uma breve percepção que talvez os últimos raios do pôr do sol, ao invés de trazer o conforto frio da escuridão noturna, provém um raiar de serenidade que me permite me sentir tranquilo, apesar de toda essa in-conclusão que devaneia a minha mente...


Ah... E se todos os nossos momentos fossem tão fantásticos e tão reais o quanto podem ser, talvez vivêssemos... sem nos preocupar tão seriamente (e tão cegamente) com aquilo que chamamos de... Vida.