quarta-feira, 4 de maio de 2022

S-

Do sol que se sai. 

Da dor que se vai.

Do nada que fica. 


Da possibilidade que não foi. 

Da certeza que insiste em se sujeitar. 

Da verdade que não existe mais. 


Daquilo que se acreditava, 

Não muito ainda resta. 


Viver por fantasmas, 

Seguir por brechas, 

Lançar-se pelos raios que percorrem a escuridão. 

A mesma de outrora, 

Mas com novos tons, 

Escuros iguais. 


Mas do por quê se sujeitar? 

Do caminho que se percorreu, 

Boa parte dos momentos, assim o foram.

Não é mais algo estranho; 

Não se é mais algo alheio. 


Deixar-se afetar pelo afeto, 

Torna os nuances mais perceptíveis. 

Mas nem só e nem disso se vive; 

Há ainda muito lá fora - 

Apesar do interior já estar vazio de si, de ser. 


Sobre tantos mesmos, 

Tantos eus. 

Sobre tantos ensejos, 

que já não são mais desejos. 

Resta a realidade. 

E nos resta encará-la, 

Como tal. 

Como é. 


E viver. 

...talvez essa seja a única parte realmente importante. 

Mas, nem sempre importa...


Apago os olhos. 

Fecho os pensamentos.

Sigo a transmissão. 


Será o que tiver que ser.


E escrevo para saber... 

Mesmo que não seja. 

Somática

Se soubesse como é ser insuficiente.
Se soubesse como é não se encaixar.
Se soubesse o que é nunca estar no lugar certo.
Se soubesse que a hora sempre foi a equivocada.
Se soubesse que de nada adianta ter boa intenção ou até mesmo coração.
Se soubesse que sinceridade não é capaz de construir situações (e cumplicidade).
Se soubesse que ter potencial não significa nada.
Se soubesse que estudar é somente distração.
Se soubesse que de nada ia adiantar.
Se soubesse que após tudo aquilo que me passa, se acerta separado.


Talvez a melhor situação fosse nem tentar. Nem mesmo cogitar.
Talvez já estaria entregue - talvez já estivesse certificado. 



A partir da dor que se consome ao perceber todos esses fatos, e a certeza de que a cada nova vez um pedaço de si fica para trás, não se apresenta qualquer cousa que delegue um novo sentido ou significado daquilo que foi - e que já não importa mais ter sido ou não - e tampouco torna possível significar um novo certame.


Sem hora, sem jeito, sem...
Certeza ou sinal.

Simples.
Simplório.
E nada sensato.


Só, afinal.