quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

10

Fazem dez anos.

(...eu não os vi passar!...)

Que tento colocar para fora aquilo que não é me é cabível. Que não é digerível. Que muitas vezes não é nem desejável.

Mas fazem esses dez...
De um ser que já se encontrava tão perdido quanto hoje, e que (ainda) tenta se expor de maneira a se encontrar. Ou ao menos... de se partilhar, de modo que a si mesmo - e por pequenas partes - seja capaz de entender.

Um pequeno "diário" o qual sempre acontece; surge; entremeia - nada de planos, nem planejamentos; um pequeno reflexo de minha vida.

Nunca, em momento algum, fui capaz de traçar um futuro nessas linhas.
Mas muitas vezes abordei o passado - que, hoje, já é tão passado, que, as vezes, e ao ler, parece atemporal.
E... me é tão caro. Tão... querido.

Uma linha, uma pequena história, um bocado de reflexões e uma gama de desesperos, inseguranças e insatisfações.
De um único ser, que já (ou talvez, desde sempre!) não sabe quem é.

Mas esse é um pequeno milestone daquilo que se passou, que aconteceu, que muitas vezes se revelou.

Uma ruptura de um jovem para um... perdido.
De alguém que nunca tinha tido tanto para dizer, para alguém que muitas vezes não tinha ninguém para dizer tanto.
De alguém que tentou falar, experienciar, compartilhar com aquilo e aqueles que se passaram... e hoje, possui dúvidas do que realmente deveria (ter sido) ser feito.
Muitas vidas vividas.
E... bem, parece muitas outras ainda podem esperar...
Mas se não aparecerem, tudo bem! Fico tranquilo com o que se passou até hoje...
O que realmente me estarrece - como sempre - é algum futuro; que após tantos anos e tentativas, jamais insistiu em brilhar ou... se sujeitar.

Mas, é isso.
E assim acontece.

Pelo menos nesse segundo me sinto satisfeito com o que fiz.
Como me encontro mirando ao horizonte.
Com a completa complexidade que é a vida - e o viver.
Simples, simplesmente... seja.
E que seja (o que for).

Que venham outros dez.
Ou que não ocorra mais nenhum.

Eu abraço todos esses anos.
Estou esperando.
Aqui.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Momentâneo

Cada um se encontra em um momento.
Isso é um fato.

Mesmo que juntos estejam, muitas vezes o passo dos dias não transcorrem da mesma maneira...
Às vezes o que nos resta é o desencontro. Entre dois.

Mas, se desencontrar de si mesmo é uma tarefa complicada de se repor - e recompor.
Estar perdido por aí, as vezes significa que você não possui um momento - ou que ele já passou, ou que ainda, um dia vai chegar.

Olhar para os lados e nada ver, as vezes não é simplesmente uma questão de escolha, mas uma terrível descompreensão do que está acontecendo e o que pode acontecer.

Os despassos e os desapreços se entremeiam, se entreabrem, se desaparecem.

As pessoas - e as vezes até o próprio ser - se desconhecem.
Tudo momentâneamente...

Cada passo, um passado.
Cada movimento, um momento.

E eles passam, se apressam...

O que se permite - entre e por medida - são breves conexões, que muitas vezes se tenta prolongar, prorrogar, aproveitar.

Mas assim é, e assim o é.

Talvez a solução para quem busca se presenciar seja criar espaços em seu tempo para permitir que a pessoalidade prevaleça - de alguma forma, de alguma maneira. E isso às vezes é tão... dual. Tão binário. Tão... compartilhado.
Não te basta, não o basta. Mas bastarão ambos.

E... esse encontro que se perfaz em 'outros momentos' de mesmos seres que um dia já estiveram presentes, pode soar cômico ou engraçado para um, enquanto o outro... pode desatinar em um desacabo que o permite ver que 'esse momento' talvez, nada seja - ainda mais ao comparar com o que um dia 'o momento' o foi!

Mesmas verdades, mesmas realidades - mas tão diferentemente apercebidas, vivenciadas...
Talvez uma pequena conexão - que até, por vezes, pode fagulhar a ser algo da mesma - mas que transmite sentimentos, sensações, pensamentos que fazem desse momento ao mesmo tempo algo tão "cheio" ou tão "vazio"...

Duas almas, dois seres, dois universos.

E você tão heterônimo quanto pode ser... em sua própria partida.
Vendo os seus vários "eus" desvaiecer por entre suas memórias - só restando um "nada" e até mesmo um "ninguém", personne, comme on peut dire.

Será que desses encontros, outros momentos sortirão?

Será que...
Esse é... um instante...
Que é de fato, o que um dia...
Outros instantes, os foram?


Pois...
Se você ainda consegue existir, persistir...
Talvez, valha, por, este momento, viver!

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

30s 'n' +

É engraçado duvidar.
Mais estranho ainda é questionar.

Aquilo que... talvez vá acontecer exatamente com você.
E uma vez que acontece, essa dúvida ainda persiste - será mesmo, que é verdade? Será mesmo que é assim? Será mesmo que é tudo isso? Ou talvez... não seja nada? Apenas uma percepção de um devaneio sistemático... um... (des)encanto na vida?

Vai saber...

A questão é que a Crise dos 30 me atingiu em cheio esse belo ano.
Foi um dos piores tempos. Das maiores disensações. Das mais intensas desilusões.
Uma desconstrução, um desatino... quase um desistir.

Não creio que eu tenha passado tamanha crise pessoal em minha curta vida.

Por um momento eu acreditei que poderia ir além disso.
Por algum simples tempo eu imaginei que poderia contornar o que essa experiência propriciou (ou seria, me tornou?).
Mas tudo indica que não.
Mesmo que a mudança seja sempre a única constante, não há volta - mesmo que eu continue olhando em volta...
É um belo de lamaçal que quanto mais eu tento me movimentar, mais me agarro - mais me desencontro nele, e em tempo percebo cada vez menos uma chance de saída.

Tola metáfora...

Tolo talvez tenha sido eu, todo esse tempo; toda essa vida...
Por acreditar que tudo poderia ser mais - que as coisas poderiam ser mais, que os acontecimentos poderiam ser mais, e que eu... poderia ser algo. 

Mas bem... é como dizem, cada um tem o seu tempo e de nada adianta querer se comparar com os outros.
Mas, e se... o seu tempo já passou?
E se... agora somente restou... se arrastar...?

Que péssimo desgosto.
Que infame sensação.

E imaginar que tudo que talvez, eu, gostaria... fosse.
Uma chance!
De... fazer algo. De... ser algo. De... alcançar algo.
Significante!
(Mas... o grande problema é que as coisas perderam tanto o significado para mim com essa transformação decadal... !)

Não sei como fazer.
Não sei nem mesmo se - se contentar é uma saída.
Ou a solução simplesmente seria; sair!
Mas para onde!?
Para quê?!

Para, pare com tudo isso.
Fluir se tornou um refluxo - que sempre retorna, mas que já dói, e as vezes até faz mal.

Não me intero, nem mesmo me integro.
Mas, realmente, parece que tanto faz.
Hoje em dia, tanto faz.

Pois o que realmente tenho feito; o que na verdade tem acontecido, é me desintegrar aos poucos.
Me desconfigurar. Me... cessar, aos poucos. Tarde a tarde... tudo aos poucos. Algo que nunca fiz, nunca imaginei fazer e... não me desejo fazendo.
Talvez se trate de uma grandiosa decepção com... essa situação (de aos 30 estar no mesmo lugar - e sem saída - apesar de... já haver alçado qualquer simulação de algum vôo por aí) de um amargor assíncrono de sensações.

Quem sabe se destruir não seja uma maneira (ou a única?) de conseguir seguir - aliás, quem menos fardo carrega mais longe consegue ir.
E quando... você se torna um fardo para sim mesmo - quando não consegue se reconhecer, procurando uma nuance de algo que um dia pensou. E aí...?


Talvez eu tenha sorte.
De conseguir enxergar isso tudo. Sem ajuda. Para não parar completamente.
Talvez esse seja somente um engano.
E em realidade eu não perceba nada. Precise de ajuda. Por estar completamente parado.


Um dia me disseram que eu ainda vou descobrir meu caminho, minha missão, meu propósito.
Como eu gostaria de não duvidar disso!
Mas, o contrário é o que se faz.
E..infelizmente, o que, com o passar do tempo, se revela cada vez mais real e presente.

Ah...

Sozinho, talvez seja algum caminho.


E eu me pergunto...
Por e quanto vou (ter que) me perder para conseguir encontrar alguma coisa?

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Passos

Como dar o próximo passo?

Se você realmente não conseguiu se deslocar do mesmo lugar... 
Se você está tão entranhado nos (últimos) momentos da sua vida...
Se... você não consegue se desvencilhar do que já sentiu? 

De perceber que ainda existe algo. De... notar que ainda se sente. E além de tudo, que de fato sentiu. 
De... inconceber que você é um tolo incapaz de se priorizar; 
De que as coisas continuam... e andam. 
(E que você não consegue relativizar isso...e que você fica... e que você...)

E de que... você; bem se não ficou para trás, o que pode ser dito é que... só restou você.
E... bem, é isso. Só resta você. 
Nesse pequeno sentido de solidão insensata, nem uma grama da percepção mudou ao longo dos últimos tempos.

Não se sabe o que quer; não se sabe o que é. 
Simplesmente há uma semântica de que eu valor(ei)o demais aquilo que vivi... 
A ponto de não ser muito bem capaz de... desvencihlhar de tudo (aquilo que um dia eu julguei ter sentido). 

Que inexatidão, 
Que indiscrição, 
Que injusto. 

Injusto são os nuances da vida que sempre me dispõe para longe daquilo (e daqueles) que eu me enlaço. 
E por quê eu... me afeto, me apego, me... recordo? 
Como... se... tudo fosse possível; como se tudo tivesse sido como deveria ser. 
Almejar, talvez, um gosto a mais dos momentos em que se era algo - feliz? 


Que... err(ad)o...

...


O caminhar do hoje - esse dia -  mostrou que o meu desinteresse, o meu desencanto e a minha indiferença para com o que acontece dentre os seres é algo quase irreversível. Se apresentou que eu preciso no mínimo ter um senso de empatia para criar qualquer reação. E bem... essa reação, não cisma em existir, não clama em persistir com novos casos; novas pessoas; novas situações (A minha empatia não é genérica, nem generalista. Me custa de fato a sentir...). Elas me são... à parte, apáticas. Estou quase refém daquilo que eu gostei, daqueles que eu quiz. Somente esses... me tiram desse 'mim mesmo' e levam para uma espécie de conexão etérea com o mundo; quiça outro, não esse. Mas... que me gera uma sincera satisfação. E, mal, eles não mais estão...(e isso raramente acontece).
Mas urgiu em mim: ainda sou capaz de viver - só não sei como!


Já desconfio. Já percebo. Já condeno. 
Que eu - a mim - não me basto.
Mas...
Eu não consigo ter o mínimo - sequer - interesse em o que(m) quer que seja... Que não... seja... o que eu já tinha. O que eu já tive. E que ainda tenho... 

A confusão, a inércia, a dúvida. Uma tórrida frustração. Um retorno inesperado ao conceber, para o si nada realizar - "um ser que não consegue sair do próprio inferno não consegue lidar com ninguém". Um breve flerte com a loucura, uma disfarçada depressão. Atingir a certeza de se ser incerto... uma nutrida relação com a mais profunda solidão. Que persiste - que como eu não queria que assim o fôsse! O sentimento tênue de não saber o que querer, de não se encontrar... e ... de ao menos tentar se aceitar. A única força de vontade de se ver em paz... e de ter que continuar. Se esbarrar. E lembrar... que amanhã talvez seja um outro dia - que provavelmente se repetirá...


Esses meses... em que eu me coloquei para mim mesmo... talvez seja isso (além do constante...) que eu tenha vivenciado. Resumidamente. Quase cronologicamente, culminando no exato agora.


Tenho 3 décadas nesse mundo.
Não sei se amadureci algo... 
Mas tenho a plena certeza que perdi muit(as)o (partes) de mim. 

Incompleto, incondizente, até indisposto.
Mas... aqui. 
E (não sei se) basta.


Pois bem, sinceramente, não consigo imaginar que passo é esse que eu posso considerar ... como (o) próximo!


Passos...

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Calma

Calma, calmamente...


Revisito o meu perceber.
Reponho meus pés no chão.
(me) Reconheço o que há, e o que havia.

Volto a abrir os olhos.
Posso não ver muita coisa, mas ao menos...
Tenho alguma noção de que é preciso persistir.

Permutar as incertezas tradicionais por algum sentido (e sentimento) de "que seja"!

Realmente; o que quer que seja, haverá de ser.
Só tenho de... pertencer; aqui, agora, nesse pequeno momento.

A idade, o tempo, os papéis e as necessidades de um que de futuro me questionam - e eu as questiono de volta, porém meu papel é feito com menor intensidade, devido a situação que me encontro; sem forças.

O sofrer é real, por mais que possa parecer que não; uma tolice, uma brincadeira, uma obsessão.
Mas não adianta só sofrer...
Que é simplesmente o que tem acontecido.


E... se... encontrar algo?
O que vai mudar?
Provavelmente outras questões estarão presentes...

Mas o fato é... todo o pass(ad)o se põe, se dispõe e se opõe.

Mesmo que não haja ligação com o presente e tampouco com um futuro...
Por quê não será possível criar uma equalização com o - poder ser - com o que é?
Tudo em busca de uma só paz nessa vida...

É para buscar, é para tentar... é simplesmente para começar.
Tentar, de qualquer jeito, partir a partir disso.
Pois... eu já bem especfiquei: eu não sei mais o que fazer!
É...

Ir tentando.
No que se suceder;
Doutrinar seu próprio ser.
Uma força de vontade desigual que deve liderar...

Esse imbruglio; essa perecível busca!

Agora, como....

...

Afinal, o que, de fato, você quer????

Creio que enquanto não for possível responder essa questão, sinceramente, o que se apresentar é o seu foco.

Mas, que tal, quem sabe, por quê não? ...
Providenciar algum aspecto; buscar algo real! ... por quê não?
Tente, ao menos, tente, por mais.
(tenha algo em mente, algo em si...)

Seja.
Não necessariamente você... mas, seja. Seja algo.

Vá. Liberte-se. E viva, como quer que seja.
Viver é sua única promessa, teoria, solução...

domingo, 15 de julho de 2018

Quem

Quem será você?

Pois, quem!?


Quem será você...
Depois de todos esses dias,
de todos esses questionamentos,
de todas essas experiências.

Quem será você...
Diante de toda essa vida,
de todas essas dúvidas,
de todas essas horas.

Quem será você...
Durante todo esse momento,
todos esses fatos,
todos esses embargos.

Quem será...
Que.
Você poderá pensar em ser,
Perante o futuro,
o presente,
o passado.

Quem será que vai te ajudar,
te almejar,
te desejar,
te importar.

O que será que...
Poderá ser feito,
considerado,
perpetrado.
(hoje, agora, um dia, sempre...!)

Quem será que você vai...
ver,
percerber,
reconhecer.

Uma vez que consiga se mirar, por inteiro.


O que(m) é que será você - de fronte a si (quem?) mesmo!

segunda-feira, 9 de julho de 2018

C'est ça

Sabe quando você chega a uma conclusão de que ... não dá mais?

Realmente.
Não dá.

Para viver assim.
Para me aceitar.

Para continuar sendo medíocre e imprestável, no mesmo lugar...
E sem nenhuma perspectiva de que qualquer coisa aconteça; que algo mude.

Creio que tenho um quê de cobrança comigo mesmo - mas que cobrança é essa? E para quê?

Bem... eu não sei.
Mesmo.


Sem objetivos não há persistência.
A única coisa que me faz persistir em tentar é simplesmente o fato de que não consigo me aceitar como sendo absolutamente nada...

Como conviver... com a indulgência da vida comum?
Algo em mim não consegue permitir sequer um dia assim com a consciência em paz!
Oras, a parte fôra...!


Sou uma piada para mim mesmo.
Imagine o que esses outros por aí me vêem como...

Não há dependência, não há consistência.
Cada qual a seguir o (seu) caminho - e tudo ficando para trás (moi inclus, et avant tout!)...


Talvez...
Uma única solução seja mudar.
S(i)e mudar. Como e para onde for.

(...tão me sinto, tão me parece que esse mesmo que por tanto me agradou vem me perturbando de forma incansável nesses tempos...)

Mas...
As perspectivas não serão as mesmas?
O que outro ponto no mesmo mundo vai influenciar em si (e em mim)?
Não será, capaz, de que tudo seja o mesmo?

Mudar de mundo...
Ideias. Panoramas. Bases...

(...e sei que o que me prende ao mundo, é o mundo. Ele. Em si. Suas belezas, gostos, cheiros, sensações... Não sei se é disso que preciso; mas me parece completamente inviável almejar qualquer tipo de vida que tenha isso como princípio...)

Essa ideia se passou por algum tempo - e eu ainda não sei que lado venceu. Sequer o que aconteceu - não considero essa como uma questão resolvida - mas o que está resolvido em mim, afinal?
Mas é quase definitivo que a (minha) realidade comum não está conseguindo se expressar em meio a esse enrosco que é participar dessa vida cotidiana (e de tudo que ela vai e pode providenciar num discorrer natural dos fatos.)

Ir.
Dispor.

Necessito de imaginação;
Criatividade.
Para conseguir manter uma linha - de pensamento, de vida, de... satisfação?

Já questiono as minhas próprias ações, meus próprios pensamentos - os mais recentes inclusive.
Parece que tudo que vinha tentando setar em minha mente ressubia numa espiral incondizente...
E a única coisa que me resta é uma dilacerada incompreensão (de si, do tempo, da vida...do todo...).


Eu não anseio o futuro... não, não é esse o meu (maior) problema;
Mas o que afeta é que eu não consigo me encontrar n(esse)o presente.


Só...
poderia ser...

terça-feira, 3 de julho de 2018

Sagen

A cada hora que eu paro e percebo meu rosto, meu ser...
Me vejo para baixo.
Me sinto sendo dragado por e para um quê de nulidade que representa a minha condição.

O sorriso me saí.
A aparência se faz.
A energia se expõe.
Quando não estou só... (quando não estou aqui)

Mas, eu mesmo...
Me tenho intacto...

Não sei se é um misto de insatisfação com descrença em si, ou simplesmente... algo químico.

Algo (não) me acontece.
Sou levado para dentro, parte a qual não tem muito (mais) a oferecer...
E isso me coloca frente a frente com essa nulidade que há muito me encara; e sempre pergunta: Que tal?

E não sei como responder. Mirar. Separar.

Eu já não mais vejo como me sentir.
Não encontro um meio de persistir.

É estranho, porém tão natural...
Acontece, sem que eu queira, sem que eu me esforce, sem que eu sequer questione. Se dá, e é.

E... assim tem sido, dia-a-dia, como nunca.

Não sei, realmente, o que fazer.



Devo...
(me) abster?

sábado, 30 de junho de 2018

Da(y)rk

A escuridão nos pertence.
Caminha conosco.
Faz parte de nós.

E a relação que temos com ela é algum ímpar, incomum.
Como não é possível cessá-la, devemos ao menos tentar torná-la sadia.

Todo o sempre nos vemos em seu entorno.
Percebemos o seu contorno.
Sentimos-a em nosso âmago.
Somos levados a expulsá-la.
...a expressá-la.

(a abraçá-la?)

Somos parte do escuro.
Há dias em que conseguimos lidar com esse traço;
Há dias em que esse traço nos leva.

Não sei como representar – sei que ela nos chama, nos clama, até mesmo…
nos acalma!(?)

Acatar, refutar…
Talvez a melhor forma não seja simplesmente conviver...
Mas… conceber em si, para si, esse lado como representante do s(S)er.

Se a cada momento tivermos consciência dessa particularidade, talvez não seja particularmente impossível lidar com a escuridão que nos arrebata nos momentos de (nenhuma) lucidez.

Se for possível escurecer um pouco cada dia…
Quem sabe, não conseguimos esclarecer as nossas percepções?

quarta-feira, 27 de junho de 2018

(in)Capaz

A cada dia que passa...
O meu desapreço se consome.

A minha capacidade crítica só não bate a capacidade que o mundo tem de cercear as minhas (consideradas) opções.

O que uma vez eu queria, talvez eu não queira mais.
O que um dia eu gostaria, simplesmente não posso realizar - digo isso em princípios profissionais, simplesmente pois meus olhos não deixam.

O descrédito e a desilusão são consumados.
E... essa é a única realização presente.

Por mais que digam... que tudo tem sua vez, cada um tem seu tempo, que algo poderá aparecer, sinceramente, não consigo imaginar como possa acontecer.

As tentativas são inócuas e a minha força, até mesmo a de vontade, já são... tão impróprias que quase não se fazem mais atuais (em mim).

Brinco, ridicularizo a minha própria situação e meu próprio ser, com o intuito de me deslocalizar, de criar um outro modo para poder pensar em continuar...
Mas o que me resta é o desânimo - a descrença.

...

Tudo passa. Já até passou. Mas, continuar parado sem isso almejar, definitivamente não é o melhor sentimento que se possa ter... Mas, e qual seria a solução? (Que eu tanto busco!... e busquei...)


Tudo tão feito.
Tão pronto.
Tão... certo.
Para todos.

E... para mim...
De novo, e mais uma vez, só. E só. Só. Mente.
Não há mais como mentir para si...


É estranho...
Difícil. Até de admitir.
Como nunca, isso pertina na minha cabeça...
E pela primeira época em minha vida, o que mais me acomete é a condição de se acabar. A cada single dia. ...

E a cada dia... ao invés de criar (novas) possibilidades, o que consigo fazer é retirar os subterfúgios que ainda me resta(va)m... (e ir se acabando aos poucos...)


Eu.
Não me deixo.
Não me permito.
Não me saio...
E não sei como desenvolver.
Não me passa ideia de como superar...

Isso. Talvez essa tenha sido minha sina, desde... sempre?
A dúvida, a incerteza, a impresença...

E o que aprendi com o tempo, e que me permitiu viver em uma transitória paz - diga-se, conseguir fluir - me coloca hoje nessa situação; insustentável.

Mas...
Também...
O que poderia ser diferente?


Esse... é só mais um dia...
De muitos...
No qual tudo que eu faço é abaixar a fronte, me convencendo de não desistir... de vez.



Weepy, weak and wondering...
That's the panorama of my actual self.

And... I, can't, live. With it. Anymore.


Anyway...

terça-feira, 12 de junho de 2018

Eludio em Si

Quando sua vontade de conhecer se torna … ineficaz. Isso te deixa à parte.
À parte do entendimento. E da compreensão.

Dos seres.
Humanos.

É estranho… em realidade.
Posso dizer que essa talvez seja a primeira vez que me sinto assim.
Sem qualquer intuito de me reprogramar …
De me repreender.
Passos que, resumidamente, representam conhecer – de fato – alguém.

Não creio que seja pela dificuldade que isso representa.
Mas… simplesmente pela falta de gosto – ímpeto, curiosidade, motivação – do próprio ser de trocar (será mesmo?) experiências e acreditar que algo real está acontecendo.
… é, complicado.
Não sei se é pelas situações vividas, mas o ato de se emaranhar na vida de outros é algo que… quando deixa de estar, faz sentir que uma parte de você ficou para trás. E, é difícil fazer (ao menos para mim) com que ela seja esquecida, ou até mesmo superada…

Inevitavelmente crio vínculos.
E talvez eu tenha um costume errado de dar valor a eles – como se de fato fossem.

- Isso me permite que eu viva o momento, mas… que eu não consiga me desvencilhar dele(s) na (sempre atual) memória.

E… o próprio ato de criar vínculos é algo bastante complicado para mim.
Não sei se é necessariamente demorado, mas o fato de que eles sejam significativos faz com que esse processo envolva um quê de confiança de minha parte, a qual eu só consigo avançar uma vez que eu tenha a percepção de que ela é recíproca.
E tudo isso… é bastante ineficaz no âmbito atual das relações – que, obviamente, possuem exceções – e talvez essa seja uma explicação do por quê eu não seja tão propenso a ‘criar amizades’ tão corriqueiramente.

- É incrível como ainda tenho apreço por aqueles que já não mais estão; não há uma distância definitiva, e dentro de mim ainda consigo sentir algo da conexão que um dia os me ligou…

E… mais uma vez.
Não quero. E não sei por quanto tempo…
Iniciar todo esse processo; todo esse reconhecimento; toda essa adaptação.

Compartilhar karma, enveredar na vida de alguém…
Me sinto à parte. À só.

Impassível de me integrar.
De me permitir.

É complicado alguém que não tem nada (e, bem, não almeja nada em particular…) perpassar a sua realidade para outrém.

As vezes só me percebo assim; não acredito que estive em planos – e sinceramente, não vejo como poderei estar…
Mas enfim…

Isso não é um manifesto de unicidade ou solidão.
E só um próprio reconhecimento de uma eventual situação que se faz presente…

Não estou me distanciando de nada. Nem de ninguém.
Somente penso que, por um tempo, não consigo me aproximar – me revelar.


Então.
Melhor,
estar.

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Retro

Ás vezes sinto que tudo que fiz em minha vida foi uma mera perda de tempo.
Mas me lembro que tal qual é a vida... 
Ainda assim me oponho a isso, me penso, me enfrento. 

As minhas ações me parecem todas em vão. 
A minha dedicação - àquilo que me dediquei - hoje insiste em não ter motivos. 
As minhas escolhas - se é que foram mesmo, escolhas - revelam-se equivocadas. 

Não vejo (os) frutos em minha vida. 
Talvez seja pelo fato d'eu me encontrar no mesmo lugar... 

Tudo que eu fiz... me parece abandonado; apesar de ainda possuírem significado...
Foram ótimos, quando foram... ao menos disso eu não posso reclamar. 

E... 
Nem tudo foi por ser algum tipo de decisão momentânea; 
Talvez, de fato, eu tenha percorrido caminhos - e é inegável que esse caminhar me trouxe valiosos momentos e experiências - mas, eu... simplesmente errei o meu rumo em algum momento... (e não soube para onde ir...)

Sempre tentei fluir, seguir da melhor forma possível o que me era dado na ocasião... 
Fazer dessas variedades uma vida - real! 

Mas...
e.
Hoje. 
Me pergunto: 

E aí? 

Não deu em nada. Não deu nada.
Me encontro no mesmo lugar de sempre, do qual pretendia me reencaminhar a doze anos atrás.
E...
Eu tento rever, repensar, cada passo... 

Será que eu cheguei a movimentar, ou sempre estive parado...? 

Eu tanto me motivei; tanto me acreditei; tanto me imaginei... 
Para, agora, estar aqui... e sem qualquer desses traços em meu âmago. 
Me falta motivação, me falta acreditar, me falta imaginar... talvez um pouco de tudo me falte...

Mas...
Não me falta tentar. 
...
Pois, acredito, isso vem sendo algo que eu ao menos hei feito - e não só interiormente. 
Mas, bem, e então? 


Olho para os lados. 
Vejo aqueles que me cercavam. 
Se eles não possuem tudo, pelo o menos... possuem algo. Algo seus. Algum progresso - notável. Alguma base - sustentável. Algum futuro - traçável. 
E o que eu mais quero é que sejam felizes, e, continuem.

E...bem...eu. 
Aqui.
Avec rien.
Me perguntando...me percebendo...tentando me encontrar...
Algo que já faço há tanto tempo que nem sei mais como (re)proceder...


Um regreso (de, ou), um retrocesso.


Se não sou uma falha, não sei bem o que sou. 
Mas, se bem que... não há falha em algo que não tenha motivos...
É bem isso... creio. 
Não vejo valor no que eu posso oferecer; não reconheço uma viável maneira de não estar nessa situação.

O que... realizar? 

Por quanto tempo eu vou conseguir me ver assim? ... 
E... como me preparar para algo novo, com o espírito de alg(uém)o que ficou para trás (faz tempo...)

Não há mais muita voz. 
Nem muito mais vez. 



Notável fado de quem consegue estar perdido no mesmo lugar... 


P.S.: Listening to Anathema - Springfield (https://www.youtube.com/watch?v=8y1ROzCUpbU)

segunda-feira, 28 de maio de 2018

.

Onde está?
Onde pode estar...
Aquilo que um dia você foi.
O sonho. O animo. O sorriso.
Que um dia você teve.

Há anos. Talvez.
Há segundos. Pode até ser.

Não há muita diferença de perspectiva... quando tudo (toda) se confunde.

A resposta que um dia você teve... de fato, existiu(...?)...



Hoje...
Bem.
Talvez seja melhor pensar em ontem...

Pelo menos, não é mais necessário buscar... tudo.
Tudo isso.


Auf...

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Desatino

Faz tempo...

Faz tempo que eu venho me desfigurando...
E me parece que não consigo mais me reconhecer.

Olho para coisas que fiz há anos, e consigo sentir, rever tudo. Reimaginar. Mas esses atos, fatos, conteúdos ... deixei de lado com o tempo, abandonei, se foram, mas os quais nunca me esqueci...

Talvez algo existisse nessas épocas - algum potencial, alguma vontade, algum sabor, enfim, algo... que me fazia mover. Que me... transpunha... que me transportava, me transformava...

Não sei o que aconteceu.
Não sei no que deu.

Só sinto que...
Hoje... nem eu (a mim) me resto. Me percebo estático - apesar da inválida e perene tentativa de me esclarecer...

As facetas que estavam lá (ou aqui?) já não dizem muito mais - o meu ser percebe tudo aquilo que um dia foi como atos em vão - e o que eu consigo ver é que ... tudo que eu tentei ao longo de todo esse tempo não deu em nada.
E isso me dói ... por quê será? Por quê será que - hoje - eu não tenho nada a oferecer?

E se me pergunto o que faço - ou posso fazer - da vida, a resposta é nula; isso me deixa não só envolucrado em um profundo desgosto como também gera uma espécie isquêmica de desespero...

Os dias vão se passando, e eu continuo buscando algo - como sempre o fiz - de forma cada vez mais desacreditada.

Sou menos do que um dia já fui, e não tenho a faísca que me fez traçar todo esse caminho com um quê de determinação...

Me parece que o que aconteceu ficou perdido... assim como eu estou.


...


E ver que todos que estavam ao meu lado possuem algo - um caminho, um motivo, um propóstio ou ao menos uma ideia - faz me questionar... como eu posso estar tão... à parte?

Tento me conformar, me reconfortar que cada um tem seu próprio tempo - mas o que eu sinto é que o meu tempo realmente já se foi...

É ruim... (não ser nada...)

Não consigo aceitar essa mediocridade psicológica ... não tenho o desejo nem o ímpeto de me reenquadrar em terras que já (faz tempo que) sei que não são minhas...


Nunca desejei isso; nunca imaginei assim...

Um prenúncio daquilo que não deveria ter sido já me atormenta a cada dia da minha vida atual... a qual eu conseguia me esconder muito bem de toda essa draga existencial, mas... isso já não é mais possível.

...


É, tudo isso é contínuo, insistente, redundante...

...

e...

Eu... só queira saber, por onde, continuar...

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Sensu

Há uma finita compreensão de não me compreender.

Eu, hoje, sinto que é incompreensível me encontrar em tal estado; um estado tênue de que tudo foi - vem sendo, e talvez, é e será em vão.

Já sinto que não estou aqui... que não me pertenço...
Há muito, há anos, que não sei mais onde estou.
Nem sei mais se posso afirmar: perdido - pois não sei se e como me encontrar.
O tudo já é nada... e nada, é o que eu consigo conviver e sentir em mim.

Os não objetivos de sempre configuram uma neutralidade que ... não me é afável (afinal, não sou assim!).

Os tempos em que me destrair era uma (real) opção já não são mais viáveis.
Não tenho com o que ... e como ... encobrir.
E mesmo assim não me vejo;
Se um dia fui algo, talvez eu já não o seja mais.

O desarranjo das minhas convicções (se é que um dia existiram) não consegue se completar; pois eu bem sei o que se passa na minha cabeça (ainda!) e a minha compreensão de que, tudo, simplesmente tudo, é passageiro faz de toda essa situação uma indeferível contradição.

Olho para os objetos que estão ao meu lado, à minha volta...
Sei que deles nada vou levar - não levarei nada, aliás - e me pergunto o por quê de tanto desassossego.

Talvez seja minha própria (pseudo)lucidez que permite que eu consiga seguir... (sem grandes constrições)
E para onde? E para quê?

E...
Acho.
Solo... não tem sido sinônimo de solidez.

Nada sensato se sentir assim, mas sabe... simplesmente me suprimo, silogicamente...


Sério.
Já me redundei várias vezes, num momento simples.
Tantos pensamentos que não se exprimem, e nada, nada dizem...


Talvez ainda exista uma vida a ser vivida... uma qualquer, que eu venho buscando desde... sempre...

E eu me pergunto; continuo me perguntando - será que algo seria diferente, em qualquer uma das secções que me antevi na vida?
Será... que eu estou (cheguei, chegarei...) em algum lugar?

E por quê tudo isso me importa?
De nada vai me adiantar metade disso, que seja amanhã...
Nada vai sobrar. Nem para mim, nem para ninguém...
Não haverá lembranças.
(sou) Anonimidade em meio a tantas outras. (e por isso me cabe ser assim)


O tempo...
Já não o sinto mais passar nesse momento.
Tudo se confunde - é como se anos atrás tivessem acontecido, ontem... e... o amanhã, simplesmente, não existisse.
Meu rosto... minha mente... não serão os mesmos... mesmo que eu não sinta o transcorrer dessa "série ininterrupta e eterna de instantes"...

Mas... igualmente, viver (de fato!) é raro...
Não temo nem me obstino a acompanhar esse fluxo - mas é que... simplesmente, não consigo fluir... e não consigo relativizar... os instantes...


Talvez uma base; uma chance... para me sentir...
Para poder, de fato... Começar.


Sabe,
Nessas condições,
Somente (me) separo... (do -) ontem, hoje, amanhã...





[e... nada]

terça-feira, 6 de março de 2018

N-o-t

Quando o "não" é a única coisa que você tem tido contato nos últimos tempos é praticamente impossível visualizar ou construir uma ideia de que o "talvez" possa se fazer presente em sua própria vida.

Dia a dia, tempo a tempo, as irrealidades que se faziam presentes em consenso com o cotidiano se desfragmentam, se desistituem... não há muito sabor de sobra.

A composição dos (próximos) passos está tão dúbia que a tolerância ao diário sequer se compõe...
O fortuito do próprio fim se torna um fardo; já não é sequer possível se carregar, então, como providenciar algo, aos outros?



A vida é una, única, mas muitas vezes irrelevante.
E mesmo assim não consigo traçar objetivos a serem cumpridos - ou sequer perseguidos.

A todo momento eu tento me reaver, me recriar, me redispor, me recompor...
Mas já são tantos pedaços perdidos, deixados de lado, que eu nem sei mais do que me constituo.
De qual é a finalidade. E se há algum fim.

Tento mover, entender, recomeçar...
Bem sei que a diferença entre prosperar e o seu contraponto muitas vezes faz parte de uma mera perspectiva; e o grande problema é que não consigo perspectivar o hoje (de minha vida) - estado líquido num fluido denso de incertezas.

Tantas negações e decepções fazem desse momento somente um recorrido do mesmo de sempre - a 'pérdida' incansável que teima em persistir.



Pois...
Fazer parte (do quê)? Ou partir (para onde)?
São questões que se fazem presentes, mas ao mesmo tempo tão vazias (de sentido)...


Sem motivos, nem objetivos...
Me questiono se estou (muitas vezes) vivo.
Qual será a minha lei?