sábado, 30 de junho de 2018

Da(y)rk

A escuridão nos pertence.
Caminha conosco.
Faz parte de nós.

E a relação que temos com ela é algum ímpar, incomum.
Como não é possível cessá-la, devemos ao menos tentar torná-la sadia.

Todo o sempre nos vemos em seu entorno.
Percebemos o seu contorno.
Sentimos-a em nosso âmago.
Somos levados a expulsá-la.
...a expressá-la.

(a abraçá-la?)

Somos parte do escuro.
Há dias em que conseguimos lidar com esse traço;
Há dias em que esse traço nos leva.

Não sei como representar – sei que ela nos chama, nos clama, até mesmo…
nos acalma!(?)

Acatar, refutar…
Talvez a melhor forma não seja simplesmente conviver...
Mas… conceber em si, para si, esse lado como representante do s(S)er.

Se a cada momento tivermos consciência dessa particularidade, talvez não seja particularmente impossível lidar com a escuridão que nos arrebata nos momentos de (nenhuma) lucidez.

Se for possível escurecer um pouco cada dia…
Quem sabe, não conseguimos esclarecer as nossas percepções?

quarta-feira, 27 de junho de 2018

(in)Capaz

A cada dia que passa...
O meu desapreço se consome.

A minha capacidade crítica só não bate a capacidade que o mundo tem de cercear as minhas (consideradas) opções.

O que uma vez eu queria, talvez eu não queira mais.
O que um dia eu gostaria, simplesmente não posso realizar - digo isso em princípios profissionais, simplesmente pois meus olhos não deixam.

O descrédito e a desilusão são consumados.
E... essa é a única realização presente.

Por mais que digam... que tudo tem sua vez, cada um tem seu tempo, que algo poderá aparecer, sinceramente, não consigo imaginar como possa acontecer.

As tentativas são inócuas e a minha força, até mesmo a de vontade, já são... tão impróprias que quase não se fazem mais atuais (em mim).

Brinco, ridicularizo a minha própria situação e meu próprio ser, com o intuito de me deslocalizar, de criar um outro modo para poder pensar em continuar...
Mas o que me resta é o desânimo - a descrença.

...

Tudo passa. Já até passou. Mas, continuar parado sem isso almejar, definitivamente não é o melhor sentimento que se possa ter... Mas, e qual seria a solução? (Que eu tanto busco!... e busquei...)


Tudo tão feito.
Tão pronto.
Tão... certo.
Para todos.

E... para mim...
De novo, e mais uma vez, só. E só. Só. Mente.
Não há mais como mentir para si...


É estranho...
Difícil. Até de admitir.
Como nunca, isso pertina na minha cabeça...
E pela primeira época em minha vida, o que mais me acomete é a condição de se acabar. A cada single dia. ...

E a cada dia... ao invés de criar (novas) possibilidades, o que consigo fazer é retirar os subterfúgios que ainda me resta(va)m... (e ir se acabando aos poucos...)


Eu.
Não me deixo.
Não me permito.
Não me saio...
E não sei como desenvolver.
Não me passa ideia de como superar...

Isso. Talvez essa tenha sido minha sina, desde... sempre?
A dúvida, a incerteza, a impresença...

E o que aprendi com o tempo, e que me permitiu viver em uma transitória paz - diga-se, conseguir fluir - me coloca hoje nessa situação; insustentável.

Mas...
Também...
O que poderia ser diferente?


Esse... é só mais um dia...
De muitos...
No qual tudo que eu faço é abaixar a fronte, me convencendo de não desistir... de vez.



Weepy, weak and wondering...
That's the panorama of my actual self.

And... I, can't, live. With it. Anymore.


Anyway...

terça-feira, 12 de junho de 2018

Eludio em Si

Quando sua vontade de conhecer se torna … ineficaz. Isso te deixa à parte.
À parte do entendimento. E da compreensão.

Dos seres.
Humanos.

É estranho… em realidade.
Posso dizer que essa talvez seja a primeira vez que me sinto assim.
Sem qualquer intuito de me reprogramar …
De me repreender.
Passos que, resumidamente, representam conhecer – de fato – alguém.

Não creio que seja pela dificuldade que isso representa.
Mas… simplesmente pela falta de gosto – ímpeto, curiosidade, motivação – do próprio ser de trocar (será mesmo?) experiências e acreditar que algo real está acontecendo.
… é, complicado.
Não sei se é pelas situações vividas, mas o ato de se emaranhar na vida de outros é algo que… quando deixa de estar, faz sentir que uma parte de você ficou para trás. E, é difícil fazer (ao menos para mim) com que ela seja esquecida, ou até mesmo superada…

Inevitavelmente crio vínculos.
E talvez eu tenha um costume errado de dar valor a eles – como se de fato fossem.

- Isso me permite que eu viva o momento, mas… que eu não consiga me desvencilhar dele(s) na (sempre atual) memória.

E… o próprio ato de criar vínculos é algo bastante complicado para mim.
Não sei se é necessariamente demorado, mas o fato de que eles sejam significativos faz com que esse processo envolva um quê de confiança de minha parte, a qual eu só consigo avançar uma vez que eu tenha a percepção de que ela é recíproca.
E tudo isso… é bastante ineficaz no âmbito atual das relações – que, obviamente, possuem exceções – e talvez essa seja uma explicação do por quê eu não seja tão propenso a ‘criar amizades’ tão corriqueiramente.

- É incrível como ainda tenho apreço por aqueles que já não mais estão; não há uma distância definitiva, e dentro de mim ainda consigo sentir algo da conexão que um dia os me ligou…

E… mais uma vez.
Não quero. E não sei por quanto tempo…
Iniciar todo esse processo; todo esse reconhecimento; toda essa adaptação.

Compartilhar karma, enveredar na vida de alguém…
Me sinto à parte. À só.

Impassível de me integrar.
De me permitir.

É complicado alguém que não tem nada (e, bem, não almeja nada em particular…) perpassar a sua realidade para outrém.

As vezes só me percebo assim; não acredito que estive em planos – e sinceramente, não vejo como poderei estar…
Mas enfim…

Isso não é um manifesto de unicidade ou solidão.
E só um próprio reconhecimento de uma eventual situação que se faz presente…

Não estou me distanciando de nada. Nem de ninguém.
Somente penso que, por um tempo, não consigo me aproximar – me revelar.


Então.
Melhor,
estar.