quarta-feira, 30 de maio de 2018

Retro

Ás vezes sinto que tudo que fiz em minha vida foi uma mera perda de tempo.
Mas me lembro que tal qual é a vida... 
Ainda assim me oponho a isso, me penso, me enfrento. 

As minhas ações me parecem todas em vão. 
A minha dedicação - àquilo que me dediquei - hoje insiste em não ter motivos. 
As minhas escolhas - se é que foram mesmo, escolhas - revelam-se equivocadas. 

Não vejo (os) frutos em minha vida. 
Talvez seja pelo fato d'eu me encontrar no mesmo lugar... 

Tudo que eu fiz... me parece abandonado; apesar de ainda possuírem significado...
Foram ótimos, quando foram... ao menos disso eu não posso reclamar. 

E... 
Nem tudo foi por ser algum tipo de decisão momentânea; 
Talvez, de fato, eu tenha percorrido caminhos - e é inegável que esse caminhar me trouxe valiosos momentos e experiências - mas, eu... simplesmente errei o meu rumo em algum momento... (e não soube para onde ir...)

Sempre tentei fluir, seguir da melhor forma possível o que me era dado na ocasião... 
Fazer dessas variedades uma vida - real! 

Mas...
e.
Hoje. 
Me pergunto: 

E aí? 

Não deu em nada. Não deu nada.
Me encontro no mesmo lugar de sempre, do qual pretendia me reencaminhar a doze anos atrás.
E...
Eu tento rever, repensar, cada passo... 

Será que eu cheguei a movimentar, ou sempre estive parado...? 

Eu tanto me motivei; tanto me acreditei; tanto me imaginei... 
Para, agora, estar aqui... e sem qualquer desses traços em meu âmago. 
Me falta motivação, me falta acreditar, me falta imaginar... talvez um pouco de tudo me falte...

Mas...
Não me falta tentar. 
...
Pois, acredito, isso vem sendo algo que eu ao menos hei feito - e não só interiormente. 
Mas, bem, e então? 


Olho para os lados. 
Vejo aqueles que me cercavam. 
Se eles não possuem tudo, pelo o menos... possuem algo. Algo seus. Algum progresso - notável. Alguma base - sustentável. Algum futuro - traçável. 
E o que eu mais quero é que sejam felizes, e, continuem.

E...bem...eu. 
Aqui.
Avec rien.
Me perguntando...me percebendo...tentando me encontrar...
Algo que já faço há tanto tempo que nem sei mais como (re)proceder...


Um regreso (de, ou), um retrocesso.


Se não sou uma falha, não sei bem o que sou. 
Mas, se bem que... não há falha em algo que não tenha motivos...
É bem isso... creio. 
Não vejo valor no que eu posso oferecer; não reconheço uma viável maneira de não estar nessa situação.

O que... realizar? 

Por quanto tempo eu vou conseguir me ver assim? ... 
E... como me preparar para algo novo, com o espírito de alg(uém)o que ficou para trás (faz tempo...)

Não há mais muita voz. 
Nem muito mais vez. 



Notável fado de quem consegue estar perdido no mesmo lugar... 


P.S.: Listening to Anathema - Springfield (https://www.youtube.com/watch?v=8y1ROzCUpbU)

segunda-feira, 28 de maio de 2018

.

Onde está?
Onde pode estar...
Aquilo que um dia você foi.
O sonho. O animo. O sorriso.
Que um dia você teve.

Há anos. Talvez.
Há segundos. Pode até ser.

Não há muita diferença de perspectiva... quando tudo (toda) se confunde.

A resposta que um dia você teve... de fato, existiu(...?)...



Hoje...
Bem.
Talvez seja melhor pensar em ontem...

Pelo menos, não é mais necessário buscar... tudo.
Tudo isso.


Auf...

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Desatino

Faz tempo...

Faz tempo que eu venho me desfigurando...
E me parece que não consigo mais me reconhecer.

Olho para coisas que fiz há anos, e consigo sentir, rever tudo. Reimaginar. Mas esses atos, fatos, conteúdos ... deixei de lado com o tempo, abandonei, se foram, mas os quais nunca me esqueci...

Talvez algo existisse nessas épocas - algum potencial, alguma vontade, algum sabor, enfim, algo... que me fazia mover. Que me... transpunha... que me transportava, me transformava...

Não sei o que aconteceu.
Não sei no que deu.

Só sinto que...
Hoje... nem eu (a mim) me resto. Me percebo estático - apesar da inválida e perene tentativa de me esclarecer...

As facetas que estavam lá (ou aqui?) já não dizem muito mais - o meu ser percebe tudo aquilo que um dia foi como atos em vão - e o que eu consigo ver é que ... tudo que eu tentei ao longo de todo esse tempo não deu em nada.
E isso me dói ... por quê será? Por quê será que - hoje - eu não tenho nada a oferecer?

E se me pergunto o que faço - ou posso fazer - da vida, a resposta é nula; isso me deixa não só envolucrado em um profundo desgosto como também gera uma espécie isquêmica de desespero...

Os dias vão se passando, e eu continuo buscando algo - como sempre o fiz - de forma cada vez mais desacreditada.

Sou menos do que um dia já fui, e não tenho a faísca que me fez traçar todo esse caminho com um quê de determinação...

Me parece que o que aconteceu ficou perdido... assim como eu estou.


...


E ver que todos que estavam ao meu lado possuem algo - um caminho, um motivo, um propóstio ou ao menos uma ideia - faz me questionar... como eu posso estar tão... à parte?

Tento me conformar, me reconfortar que cada um tem seu próprio tempo - mas o que eu sinto é que o meu tempo realmente já se foi...

É ruim... (não ser nada...)

Não consigo aceitar essa mediocridade psicológica ... não tenho o desejo nem o ímpeto de me reenquadrar em terras que já (faz tempo que) sei que não são minhas...


Nunca desejei isso; nunca imaginei assim...

Um prenúncio daquilo que não deveria ter sido já me atormenta a cada dia da minha vida atual... a qual eu conseguia me esconder muito bem de toda essa draga existencial, mas... isso já não é mais possível.

...


É, tudo isso é contínuo, insistente, redundante...

...

e...

Eu... só queira saber, por onde, continuar...