quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

10

Fazem dez anos.

(...eu não os vi passar!...)

Que tento colocar para fora aquilo que não é me é cabível. Que não é digerível. Que muitas vezes não é nem desejável.

Mas fazem esses dez...
De um ser que já se encontrava tão perdido quanto hoje, e que (ainda) tenta se expor de maneira a se encontrar. Ou ao menos... de se partilhar, de modo que a si mesmo - e por pequenas partes - seja capaz de entender.

Um pequeno "diário" o qual sempre acontece; surge; entremeia - nada de planos, nem planejamentos; um pequeno reflexo de minha vida.

Nunca, em momento algum, fui capaz de traçar um futuro nessas linhas.
Mas muitas vezes abordei o passado - que, hoje, já é tão passado, que, as vezes, e ao ler, parece atemporal.
E... me é tão caro. Tão... querido.

Uma linha, uma pequena história, um bocado de reflexões e uma gama de desesperos, inseguranças e insatisfações.
De um único ser, que já (ou talvez, desde sempre!) não sabe quem é.

Mas esse é um pequeno milestone daquilo que se passou, que aconteceu, que muitas vezes se revelou.

Uma ruptura de um jovem para um... perdido.
De alguém que nunca tinha tido tanto para dizer, para alguém que muitas vezes não tinha ninguém para dizer tanto.
De alguém que tentou falar, experienciar, compartilhar com aquilo e aqueles que se passaram... e hoje, possui dúvidas do que realmente deveria (ter sido) ser feito.
Muitas vidas vividas.
E... bem, parece muitas outras ainda podem esperar...
Mas se não aparecerem, tudo bem! Fico tranquilo com o que se passou até hoje...
O que realmente me estarrece - como sempre - é algum futuro; que após tantos anos e tentativas, jamais insistiu em brilhar ou... se sujeitar.

Mas, é isso.
E assim acontece.

Pelo menos nesse segundo me sinto satisfeito com o que fiz.
Como me encontro mirando ao horizonte.
Com a completa complexidade que é a vida - e o viver.
Simples, simplesmente... seja.
E que seja (o que for).

Que venham outros dez.
Ou que não ocorra mais nenhum.

Eu abraço todos esses anos.
Estou esperando.
Aqui.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Momentâneo

Cada um se encontra em um momento.
Isso é um fato.

Mesmo que juntos estejam, muitas vezes o passo dos dias não transcorrem da mesma maneira...
Às vezes o que nos resta é o desencontro. Entre dois.

Mas, se desencontrar de si mesmo é uma tarefa complicada de se repor - e recompor.
Estar perdido por aí, as vezes significa que você não possui um momento - ou que ele já passou, ou que ainda, um dia vai chegar.

Olhar para os lados e nada ver, as vezes não é simplesmente uma questão de escolha, mas uma terrível descompreensão do que está acontecendo e o que pode acontecer.

Os despassos e os desapreços se entremeiam, se entreabrem, se desaparecem.

As pessoas - e as vezes até o próprio ser - se desconhecem.
Tudo momentâneamente...

Cada passo, um passado.
Cada movimento, um momento.

E eles passam, se apressam...

O que se permite - entre e por medida - são breves conexões, que muitas vezes se tenta prolongar, prorrogar, aproveitar.

Mas assim é, e assim o é.

Talvez a solução para quem busca se presenciar seja criar espaços em seu tempo para permitir que a pessoalidade prevaleça - de alguma forma, de alguma maneira. E isso às vezes é tão... dual. Tão binário. Tão... compartilhado.
Não te basta, não o basta. Mas bastarão ambos.

E... esse encontro que se perfaz em 'outros momentos' de mesmos seres que um dia já estiveram presentes, pode soar cômico ou engraçado para um, enquanto o outro... pode desatinar em um desacabo que o permite ver que 'esse momento' talvez, nada seja - ainda mais ao comparar com o que um dia 'o momento' o foi!

Mesmas verdades, mesmas realidades - mas tão diferentemente apercebidas, vivenciadas...
Talvez uma pequena conexão - que até, por vezes, pode fagulhar a ser algo da mesma - mas que transmite sentimentos, sensações, pensamentos que fazem desse momento ao mesmo tempo algo tão "cheio" ou tão "vazio"...

Duas almas, dois seres, dois universos.

E você tão heterônimo quanto pode ser... em sua própria partida.
Vendo os seus vários "eus" desvaiecer por entre suas memórias - só restando um "nada" e até mesmo um "ninguém", personne, comme on peut dire.

Será que desses encontros, outros momentos sortirão?

Será que...
Esse é... um instante...
Que é de fato, o que um dia...
Outros instantes, os foram?


Pois...
Se você ainda consegue existir, persistir...
Talvez, valha, por, este momento, viver!