sábado, 22 de janeiro de 2011

InoTradio

Qual é o gosto que você sente na boca depois de um dia vazio?
Um dia só, inútil, inconsequente e imprevisivel; justamente por não ter nada para acontecer.


E se, de repente, sua vida passa a tomar esse andamento? O que fica?

Não há altos nem baixos - por não se haver mais ferenças - não há dias nem noites. Não há cores. Não há distinções.

Tudo é nada, e nada é tudo.

Tudo passa, nada fica. O que ficou, passou, e o que pretende se apresentar insiste em se emudecer.

Você sabe disso - e sabe também, há talvez, alguma saída - mas está tão acostumado a "ferença inexistente" que tudo que consegue sentir diante de si mesmo é a velha... indiferença.

Planos? Objetivos? ... foram todos à Pasárgada. E isso, há-se tempo, pois, já, não há mais memória das lembranças das vontades do seu próprio ser.


Está-se acostumado a levar diante ( e adiante ) pensamentos pseudo-concretizadores sem salvo nenhum valor para fingir-se ( Aos outros, a si, a todos! Esperance-ar-se, afinal. ) ao passar do tempo. - Que determinam, nada calmamente, o que tudo acontece - mesmo que nada aconteça, os determinantes de cada instante mudam, assim como sua própria insuportabilidade diante deles; é tudo diferente inclusive a sua indiferença, afinal.

Não se sabe ao certo o gosto que se sente, a hora que se vê, o caminho que se segue, o motivo que o impulsiona.
E por falta do que se saber, não sabe-se nada.

Apenas há um movimente inértico, por puro instinto ( enfrentando em si o comodismo de querer interrompê-lo - é mais fácil fazer um esforço para ficar parado do que continuar andando sobre as próprias pernas. ) que leva-te sabe lá aonde. Por aí. Por algum lugar... ( E se elas não te levam você passa a estranhar: sabe o dia vazio? A falta de gosto? ... é o estranhamento, o que realmente bem se pode ver... )

Os passos ( Próximos? Não existem cálculos quando não se sabe por onde... ) são quase involuntários. O fazer é tão insípido, que as coisas simplesmente surgem - não é assim, afinal que tudo ocorreu em toda essa vida? - Enquanto existe esforço, determinação e vontade por partes e partes ( ou má vontade e desgosto, o que de certa forma é o inverso do proposto, e que leva justamente, ao contrário ... ) o todo do seu próprio ser avança ( será, de fato? ) tocado e influenciado sem saber. Sem se ver...

Impugnado de uma alearotiedade monstruosa cada caminho se abre e se fecha dá mesma forma. Exatamente da mesma - Uma luz se acende, outra se apaga. Sem interruptores, sem energia, sem, às vezes, iluminação.


A falta de brilho já não é mais necessária em plena escuridão.
O movimento das coisas, somente as move, não a ti...

Há-se tempo... que não se sabe o que é continuar, de fato. E a previsibilidade para que isso aconteça é tranquilamente nula.
No seu próprio canto, você se retira, a sua própria parte, a sua própria ( falta de ) arte. Seguindo ( ou definitivamente, não ) o seu próprio tempo ( pelo fato dele ser tão falso, que chega a não existir ) ...

[ O seu ser, antes, tão clamado pela paixão de se realizar, hoje simplesmente sente-se inoculado de um certo teor apaziguador de ideias e ideais... tendência impassível ao balanceanismo, a meia-ficação... Hm. Grande curiosidade até própria ao se perceber isso, de fato. ]

Respira, calmamente...


Estranho saber.
Dizem-se se controlar.
Dizem-se permanecer.
Dizem-se alcançar.

Tudo que não consigo, é sequer imaginar... um futuro.
Tarefa inglória que sempre há de te trair.

Amanhã, talvez nem exista...

E eu, aqui. Pensando em não sei o quê, escrevendo não sei por quê, me perdendo cada vez mais... e mais. Mais.



Falar tanto, para continuar. Assim. Exatamente assim. E mais, e mais... mais... Mas.


Respiro, calmamente...

2 comentários:

Gustavo F. disse...

Porra.. e vc achou esse melhor que o outro.
Esse, com certeza (quando comparando com minhas "reflexões"), encontra mais pares.
A diferença é o se prender no caos que a idéia envolve.
Essa prisão, em mim, gostaria que não existisse, mas é muito menor o "stuck" que sinto que em você.

Algumas coisas não merecem tanta atenção, apesar de a resposta ser valiosa, pode não agradar; e não quero perder minha vida me perguntando isso. Dos vários caminhos em que posso me perder prefiro aqueles que se baseiam em motivos irracionais (emocionais), os quais geralmente surgem da minha posição atual e das que já vivenciei.

Lembra do caso do Map of Metal? Os caras só gostavam de metal, talvez não concordassem com as letras, com as idéias. Eu, por exemplo, gosto de Pantera não pelas letras em geral, mas pela forma que ele consegue expressar o ódio, nítido; e esse gostar não tem fundamento, é referencia a algo que sinto algumas vezes - e a situação em que ocorre pode não ter razão alguma, se analisado em certas instancias, mas EXISTE, e esse existir é tudo o que temos. Pode mudar, ser reinterpretado, mas existe, e pra mim basta.

O que nos define é o que já fizemos e o que estamos fazendo. Tenho uma teoria bem simples, e que já se provou muito verdade: Quando não consegue algo, é por que não se tentou o suficiente. A resposta do motivo da falta é apenas uma: não começar.

F.Z. disse...

Sinceramente. Tudo que eu disse é o que vivenciei, e não há nada mais irracional ( emocional ) do que escrevi.

O fato não é conseguir ou não. Nem tentar ou não. Ou ainda menos começar ou não!

Aqui só tava simples e completamente exposto a vontade ( na verdade, a falta de... ) de não realizar nada disso. É quase um clamo pela indiferença da própria vida, situação e até do próprio ser.